quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Matrix: metafísica e ideologia

Por Antônio Novais


Resultado de imagem para matrix morfeuUma das grandes questões debatidas na filosofia é referente à realidade. O que é a realidade? Foram vários os filósofos que ao longo da história buscaram responder tal pergunta. Cada qual, de sua maneira, tentou através de suas investigações filosóficas chegarem a uma resposta para tão inquietante questão. Para Platão, por exemplo, o mundo no qual vivemos não passa de ilusão, de sombras da realidade externa a essa na qual vivemos, e o mundo verdadeiro, o que pode se chamar de "real realidade", está no "Mundo das Ideias", um mundo em que transcende este reflexo imperfeito no qual habitam os humanos. Essa ideia é muito bem representada na Alegoria da Caverna.
O filosofo e sociólogo francês Jean Baudrillard nos traz uma noção de realidade na qual ele chama de "simulacros e simulações" – título de sua principal obra.  Segundo Baudrillard, a sociedade em que vivemos – nessa era do capitalismo global  teve sua realidade transformada em algo simulado. O que sentimos, o que desejamos não é mais o que nosso corpo e nossa mente pede, mas o que nossa mente é induzida a desejar, as nossas percepções sobre o mundo que nos cerca são percepções induzidas. Nossa realidade é uma simulação.
Influenciadas principalmente pelo conceito de simulacros e simulações, as irmãs Wachowski criaram uma das mais importantes obras cinematográficas: Matrix. Filme lançado no ano de 1999. Nele vemos o protagonista, chamado de Neo, que descobre que o mundo em que ele vivia não passava de uma simulação de computador, a realidade era um mundo pós-apocalíptico tomado por robôs que usam seres humanos como fonte de energia. E para manterem os humanos presos em suas cabines para que assim possam usar de sua energia eles criaram aquela simulação de mundo, na qual nomearam de Matrix.
Do que podemos chamar essa tal Matrix em que os seres humanos estão aprisionados? De ideologia. A ideologia dominante se coloca em todos os lugares, de forma tão sútil que chega a passar despercebida pela maioria. E é esse o intuito, para que aos poucos vamos nos habituando, nos conformando com o que está ao nosso redor, e sendo induzidos a seguir o jogo dos que controlam tudo.
Desta forma, podemos conceber Matrix como uma alusão de uma visão metafísica de mundo ao mesmo tempo em que é uma crítica a ideologia, para ser mais preciso, a crítica de um sistema que usa a ideologia como forma de controle das massas, para assim manter seu status quo.
O que é pensar filosoficamente senão escolher a pílula vermelha?

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